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Não deixe a “live” matar seu ânimo.

A Diretora da Possibilità e Presidente da ABRHRS, Crismeri Delfino Corrêa participou da materia especial do MundoCoop, feita pela Jornalista Nara Chiquetti. Parabéns Nara você soube salientar muito bem a situação que atualmente os profissionais estão enfrentando. Sabemos que aumentou de 3 a 4 horas a jornada de trabalho , desta forma precisamos de momentos para desconectar.

As videoconferências tornaram-se companheiras neste período de distanciamento social. Mas é preciso dosar. O excesso pode provocar cansaço e até menor rendimento. Organizar as atividades, incluindo reserva de tempo para se desconectar, é essencial à saúde física e mental


Seja para estudo, trabalho ou até mesmo para curtir aquele show do artista preferido, sempre há uma live a se participar, principalmente agora durante a pandemia, que alterou a forma de eventos, estudos, trabalho e até relacionamentos. O médico veterinário Ricardo dos Santos foi uma das pessoas que viu sua rotina mudar nos últimos meses. Hoje ele estuda, trabalha, pratica atividade física e até vê a esposa por videoconferências. Para dar conta de tudo, a receita, segundo ele, é manter uma rotina, e procurar ver o lado bom da situação. Santos conta que passar mais tempo em casa resultou, por exemplo, em hábitos mais saudáveis. Com exercícios físicos das aulas online da academia e alimentação sem as tentações dos restaurantes, já perdeu mais de oito quilos desde o início da pandemia.


Funcionário de uma multinacional, as viagens a trabalho são rotina. O home office já acontecia, mas somente entre um destino e outro. Com a pandemia, essas viagens deram lugar a visitas virtuais aos clientes. “Hoje não perdemos mais tempo com deslocamentos, o que dá a sensação de que estamos rendendo mais, já que as demandas não diminuíram, só estão online. O trabalho virou praticamente sair de uma videoconferência e entrar em outra, tanto com colegas da empresa quanto com os clientes, algo mais dinâmico, um atendimento inclusive mais assertivo”, relata. Embora prefira aulas presenciais, seu curso de pós-graduação é outra atividade que está sendo realizada na modalidade virtual. As videoconferências permitem também a ele matar as saudades da amada. Santos mora em Porto Alegre e a esposa, médica, faz residência em São Paulo. “Essa é a principal dificuldade”, lamenta.

Mas nem todo mundo encara tão tranquilamente trabalho e relacionamentos mediados pela tecnologia. O excesso de videoconferências tem provocado, para muitos, exaustão. Ilana Andretta, professora do curso de Psicologia da Escola de Saúde da Universidade do Rio dos Sinos (Unisinos),explica que a falta da linguagem não verbal, uma dimensão não alcançada nas videoconferências, exige maior concentração do cérebro para a compreensão da mensagem. Ou seja, ficamos mais focados no interlocutor, pela tela, o que pode gerar estresse em nível cognitivo, potencializando o cansaço normal do dia. A falta do gestual e de outras pequenas distrações com informações espaciais, por exemplo, ajudam provocar fadiga. Por isso, desconectar-se de vez em quando é essencial. Aquele momento do cafezinho ou da conversa breve no corredor da empresa são hiatos que devem ser inseridos também no trabalho home office.


O mesmo acontece em relação a atividades escolares. “É impossível reproduzir o ambiente real no virtual. Nas aulas síncronas, os alunos têm de permanecer focados no computador e não há a mesma interação e dinamismo na classe como intervenções com perguntas, comentários, gestos, que são salutares tanto para o professor ter um feedback quanto para o aluno quebrar a monotonia. Todo mundo está sofrendo em nível cognitivo com esse estresse da tecnologia”, comenta.

Segundo Ilana,pessoas mais organizadas tendem a se sair melhor nessas situações. Para ajudar a manter o cérebro saudável e descansado, a psicóloga orienta que se faça uma autoavaliação. “É importante identificar os sinais de estresse, balizadores de que as coisas não estão indo bem, como cansaço, pouca retenção de informação, irritação, ansiedade”. E assim, além de uma rotina, estabelecer seu limite diário de interação tecnológica.


Alterações devem se tornar permanentes no mundo corporativo

As mudanças que a pandemia estimulou na forma e ambiente de trabalho é algo que não deve retroceder totalmente quando retomarmos o “normal”. “As viagens de trabalho vão diminuir, as reuniões devem ser mais objetivas e a distância, os trabalhos por projeto, portanto mais fáceis de controlar”, aponta Crismeri Delfino Correa, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos do Rio Grande do Sul (ABRH-RS). Essas transformações devem se tornar permanentes, pois as empresas têm verificado na prática que é possível manter a qualidade do trabalho, mesmo em home office, além de significar redução de custos e até aumento na produtividade, já que no ambiente virtual tudo tende a ser mais célere e objetivo.

Mas, enquanto vivemos esse período de adaptações, é importante tornar a rotina mais leve, lembra Crismeri. O profissional que compreende este período de trabalho improvisado em casa como o escritório “invadindo” o lar, e não o contrário, já alivia boa parte da tensão do dia a dia. “Acredito que as pessoas, aos poucos, estão ficando mais leves nas reuniões virtuais. No início, ficavam muito preocupadas porque estavam em casa e havia interferências – como filhos, cachorro, outras pessoas da família – e acabavam constrangidas tendo a vida pessoal invadindo o trabalho. Agora já estamos sem tantos constrangimentos, realmente integrando vida pessoal e profissional. Os profissionais estão ficando um pouco mais inteiros com todos os seus papéis misturados”, opina.


Nessa modalidade de trabalho, o profissional ganha maior independência, e os líderes a oportunidade de agir diferente. “Gestores tinham o cacoete de controlar o funcionário e o consideravam pelo tempo de trabalho diário. Agora, eles precisam cobrar resultado, entregas, um modelo de trabalho diferente e que exige muita autonomia e confiança. É todo um movimento diferenciado que faz a gestão ser realmente liderança. Os líderes estão com uma oportunidade ímpar nas mãos”, avalia Crismeri.


Por Nara Chiquetti – Matéria publicada na Revista MundoCoop, edição 94

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